
25 jul Batalha pelo seguro rural
24/07/16 – 23:27

Em 2016, novamente sem grandes recursos do governo, a área de cobertura nacional deve chegar a ínfimos 10%. Um caminho perigoso que fez com que a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em parceria com outras entidades, organize no dia 8 de agosto um Fórum Nacional “O Futuro do Seguro Rural no Brasil”. O objetivo é debater com a equipe da Secretaria de Política Agrícola do Mapa – incluindo o secretário Neri Geller – as políticas que dão sustentação ao seguro rural, dificuldades e desafios. Toda a programação contará com diversos especialistas, seguradoras, resseguradoras, cooperativas, produtores e entidades governamentais.
O economista da Faep especialista no assunto, Pedro Loyola, relata que a primeira discussão é mais ampla, ou seja, sobre o modelo de seguro no País, com um Programa de Subvenção coordenado pelo Mapa, que passa por dificuldades desde 2010. “Não há planejamento, e quando há orçamento os recursos chegam atrasados ou não são liberados. É uma série de problemas que foram agravados com a crise econômica”. Loyola não acredita que a mudança de modelo seja necessária, já que a experiência internacional mostra que nos países que atuam neste formato – como EUA, Canadá e Espanha – o Estado tem papel fundamental. “Seguro é muito caro para o produtor contratar sozinho e o Estado precisa entrar com subvenção”.
Credibilidade
Ele relata que em 2015 o Governo falhou totalmente com o seguro, já que a liberação foi de apenas R$ 282 milhões, sendo que o prometido era de R$ 700 milhões. Em 2014, melhor ano para o seguro agrícola do País, o valor de subvenção foi de R$ 693 milhões. “Se esse programa desandar, como aconteceu no ano passado, corremos o risco de perder credibilidade sobre o assunto. Nós levamos 10 anos, desde o início do programa, desenvolvendo um seguro mais eficiente, que leva em consideração preço e produção. Desenvolvemos o mercado, o produtor absorveu a cultura do seguro e não podemos perder isso. Uma evolução, por exemplo, foi o salto de cinco para dez seguradoras trabalhando com esses produtos. Criamos, inclusive, a cultura do seguro para o ofertante”.
Caso o governo não tome as rédeas do assunto, as seguradoras podem, por exemplo, ficar desacreditadas e deixar de investir, contratar peritos, entre outras ações, para que o trabalho ande. “O programa de seguro do Brasil não pode viver da incerteza e improvisação. Temos que ter planejamento e um horizonte. Esta é a nossa briga com o governo, fundamentalmente sensibilizando-os que isso tem importância econômica. Hoje, eles acham que o produtor tem que se virar sem seguro. E todos sabem que renegociação de dívida é muito pior que fazer seguro”.
Para o economista, se o governo hoje dissesse que há recurso disponível, por exemplo, R$ 1,3 bilhão, seria possível uma cobertura de 30% da área agrícola do País, sem contar o valor de 8% a 10% do Proagro. “Seria quase 40% da área coberta com algum mecanismo, um grande avanço”, complementa.
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