Geada do fim de semana prejudica produtores da Serra catarinense

Geada do fim de semana prejudica produtores da Serra catarinense

Geada do fim de semana prejudica produtores da Serra catarinense  divulgação/Divulgação
Uva Chardonnay, maçã, ameixa e pêssego são as culturas mais atingidas pelas baixas temperaturas que atingiram o Estado no fim de semana.
O frio intenso já no final de um inverno quente gerou um problema para agricultores da região serrana. As safras da uva Chardonnay, ameixa, pêssego e maçã foram diretamente atingidas pela geada do fim de semana, que provocou temperaturas de até 6ºC negativos em algumas áreas. Especialistas explicam que as plantações que já tinham atingido o período de floração não resistiram ao frio e serão completamente descartadas. Ainda não há um levantamento geral do impacto que o clima pode ter provocado nos produtores do Estado. 
Vinícolas da Serra chegaram a registrar – 6 ºC no sábado e – 4,9 ºC no domingo. No entanto, de acordo com o gerente regional da Epagri em São Joaquim, Názaro Vieira Lima, após a floração, o broto resiste até -1,5 ºC. Para tentar evitar um estrago maior, alguns agricultores chegaram a fazer fogueiras no meio da plantação na noite de sábado.
— Após a brotação, a planta exposta, então com uma baixa resistência ao frio. Algumas culturas, como a da uva Chardonnay, são próprias para regiões mais quentes. Mas produtores de vinho da Serra sempre arriscam 5% da lavoura nesse tipo de uva, pois o resultado normalmente é uma bebida de uma qualidade superior – afirma Názaro. 
Em alguns casos, como da vinícola Villaggio Grando, a geada significou o cancelamento da safra de vinho branco Chardonnay e espumante branco para 2016. 
— Nunca vi uma geada tão forte em setembro, perdemos 100% da plantação da uva Chardonnay, que usamos para vinho branco e também como base para espumantes. Não teremos safra de 2016 desses itens, que totalizam 80 mil garrafas em média – lamenta Maurício Grando, proprietário da Villaggio. 
Além da uva Chardonnay, frutas como ameixa e pêssego foram diretamente afetadas. A explicação vem do inverno mais quente do que o normal, adiantando o período de floração.
— A plantação se desenvolve de acordo com o clima, então o inverno com temperaturas elevadas fez com que a primavera chegasse mais cedo em algumas plantações. Se essa geada tivesse ocorrido há 10 dias, não teria um resultado tão ruim – informa Názaro.
Na segunda-feira, a equipe da Epagri e produtores ainda contabilizavam os efeitos da geada do fim de semana. A estimativa inicial é de perda de pelo menos 70% da parte das frutas que já tinham passado pela floração. 
Regiões mais baixas sofreram maior impacto
Produtores de maçã também foram afetados pelas baixas temperaturas do fim de semana. Apesar da resistência das macieiras ser maior do que as demais culturas, alguns produtores podem chegar a perder até 25% da safra para 2016, segundo Pierre Peres, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã:
— Em regiões mais baixas, como Videira, que estão entre 800 e 900 metros de altitude, o cultivo é feito a temperaturas mais elevadas, então esses locais sofrem mais com o frio. Esses produtores vão ter mais perdas. Acima disso, o impacto não deve chegar a 10%.
A produção de regiões abaixo de 900 metros de altitude representa cerca de 10% de toda maçã produzida no Estado. Mas Pierre Peres lembra que os efeitos da geada ainda poderão ser visto na florada que vai surgir nos próximos dias.
— Ainda estamos avaliando o prejuízo. Poderemos ter uma noção melhor nas semanas seguintes, quando saberemos se a geada afetou também as floradas que ainda vão desabrochar – afirma Pierre. 
A equipe de meteorologia da Epagri/Ciram prevê chuvas a partir de terça-feira até o fim da semana e faz um alerta para produtores sobre a possibilidade de temporais.


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